A guerra civil que corroeu a ex-Iugoslávia dirigida pela fascista Sérvia e que transformou completamente a fisionomia do lugar após a separação de Croácia, Bósnia-Herzegovna, Eslovênia, Macedônia, e, finalmente, Montenegro e Sérvia, está lá subentendida, nas entrelinhas; numa frase, pequena, sentida, remoída.
Já não se trata de Terra de Ninguém, mas da angústia que ficou. Do stalinismo que precisava cair e do confronto estúpido entre os trabalhadores. No final de tudo, bósnios são os oprimidos preferenciais, e até mesmo nos filmes são tidos como estúpidos e ignorantes. Mas não é a leveza denunciante de Caminhão Cinza pintado de vermelho.
São os casos de Treseta, Encarando o Dia e Armin. Os bósnios são o trapo e os sérvios aqueles a quem se deve engraxar o sapato. Os croatas oscilam entre o centrismo da submissão aos últimos e o compartilhamento da opressão aos primeiros.
Aí vem o filmes austríaco... Nova metáfora que a burguesia utiliza bem... o nacionalismo vingativo e maniqueísta, explorador. O mesmo que há no Brasil contra bolivianos e paraguaios, há na Áustria contra ucranianos, russos e iugoslavos. Também podemos citar os estadunidenses humilhando os mexicanos em Nação Fast food. Os paralelos são perfeitos. É lógico que por mais que os diretores estadunidenses se esforcem, sempre escorregam... na superficialidade, o que não ocorre em Import, Export. Momentos tensos de preconceito, humilhação, tristeza, hipocrisia e pervesão. O retrato do mundo pelo menos parece real... ele está fétido. Mas sempre poderemos transformá-lo e arte ainda será um dos caminhos.