Clique Porta-curtas Petrobrás - Nestes links, o internauta tem acesso a filmes de curta-metragens - até 30 minutos - que tem relevância para o debate em sala e também extrassala de aula. Já na coluna à direita abaixo há uma seleção de vídeos que estão disponíveis no Youtube e também oferecem conteúdo compatível com o programa de História e de Sociologia, bem como, outras áreas afins.

O que é um documentário?

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Vastas emoções e compromissos partidos





















A Vida dos Outros, As Sombras de Goya, A Culpa é do Fidel são três filmes que perpassam a mesma temática. De certa forma, também poderíamos incluir A Casa de Alice, este último como enredo mais restrito a uma família, mas que acaba exalando também a hipocrisia de todos nós.



Império dos sonhos de David Linch é um filme onírico, mas com efeito muitíssimo menor que Cidade dos sonhos.

sábado, novembro 03, 2007

Pátio do Colégio surpreende pelo descaso


É uma frase, descrevendo uma cena igual em distintos lugares históricos do país. Tudo mal feito... sem compromisso. Pessoas com muita má vontade, pouco sabem sobre coisa alguma. À exceção: o valor do ingresso. Raras exceções. Este é o clichê de descaso. Não se sabe se o problema é expressão das colônias ou se é algo particular do país. Tudo devidamente não identificado. Experimente perguntar algo a algum 'monitor (a)' e logo aquela cara de: "Por que você acha que eu sei?". É um desestímulo atrás de outro. Tudo faz com que você queira não retornar. Mas a lojinha para vender lembrancinhas está lá. E a cripta? Pois é... a cripta traz alguns artefatos indígenas. Que até então parecem ocultos. Afinal, antes de São Paulo já havia vida. Pasme, a maior parte são doações dos indigenistas Villas-Boas de povos do Xingu. É o legítimo: coisa para inglês ver.


Soda cáustica, culeiformes fecais: A Barbárie instalada ou O recall dos seres humanos

Há pouco tempo escrevi sobre o filme Nação Fast food como um trabalho que apresentava mais a denúncia do 'aproveitamento' imoral da mão-de-obra barata dos mexicanos que atravessavam a fronteira que propriamente a produção, para lá de imprópria, de alimentos que ingerimos na maior confiança. Não que Nação Fast food não faça isso, mas The Corporation é bem melhor sucedido nesta tarefa, talvez mesmo por ser um documentário. Depois da semana no leite com soda cáustica. O que mais podemos esperar? Não arrisquem... tudo pode ocorrer no mundo da barbárie. (Talvez haja um momento em que pessoas, moradores de rua, sejam transformadas em comida enlatada.)
O caso é que hoje, 3 de novembro o Estadão on line publicou a seguinte notícia:

sábado, 3 de novembro de 2007, 14:40 Online
http://www.estadao.com.br/economia/not_eco74924,0.htm


Cargill faz recall de quase 500 mil kg de hambúrgueres nos EUA
REUTERS

CHICAGO - A gigante do setor agrícola Cargill informou neste sábado que está fazendo o recall de quase 500 mil quilos de carne do tipo de hambúrguer distribuídos nos Estados Unidos devido a uma possível contaminação por coliformes fecais. A Cargill Meat Solutions afirmou que uma amostra dos 491,7 mil quilos de carne de hambúrgueres distribuídos entre 8 e 11 de outubro deu resultado positivo para a bactéria E. Coli em teste realizado pelo Departamento de Agricultura do país. Os sintomas associados à contaminação com a bactéria incluem fortes dores de barriga, diarréia e desidratação. Crianças, idosos e pessoas com baixa resistência são as mais vulneráveis. "Nenhuma doença foi associada com o produto", disse John Keating, presidente da Cargill Regional Beef, em comunicado. "Estamos trabalhando junto com o Departamento de Agricultura para remover o produto do mercado." O recall foi o segundo da companhia em um mês. Em 7 de outubro, a Cargill anunciou o recolhimento de quase 400 mil quilos de carne congelada processada em Winsconsin.

Um fez o que outro deixou anunciado


Mariana Rondón acerta em cheio com elenco sublime


Mariana Rondón concretizou o que Cao Hamburguer sonhou.

Postales de Leningrado é um bem sucedido filme sobre a imaginação de uma criança contando as adversidades por que passam seus parentes próximos (tios, pais, mães e avós) quando se enfrentam com uma ditadura, buscando uma saída revolucionária.

Postales de Leningrado é uma produção venezuelana com grandes atuações e uma ótima forma de contar história com o ingrediente infantil mágico que perdemos tão cedo e que nos custa caro, senão improvável, recuperar através da arte. É um espetáculo.

Um dia para os imigrantes


Compartilhar do mundo em que viveram as pessoas que dão nome e sobrenome a boa parte dos brasileiros é uma alegria quando se descobre um pouco dos hábitos, costumes, da angústia e da alegria de chegarem aqui no Brasil.
Fui conhecer hoje o Memorial do Imigrante. Não achei meus avôs com seus sobrenomes croatas, mas encontrei o lado mais humano de todos nós, independentemente do continente que partam.
Um lugar, hoje, pelo menos, lindo, aconchegante, com pássaros que não se espantam com a presença humana. Com figueiras colossais. No meio do trem, do metrô e das grandes avenidas.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Banguelos, analfabetos com bilhões lavados em estádios de futebol

A farsa da escolha alegre os miseráveis

Jesus não tem dentes no país dos banguelas. Jesus não tem dentes no país dos banguelas. A burguesia fede... enquanto houver burguesia não vai haver poesia. Polícia pára quem precisa... Não não vamos pagar nada é tudo free... tá na hora... é tudo free... vamô embora.


Bilhões lavados em estádios... e o povo comendo farelo sem precisar de dentes... e o povo vendo imagem sem precisa ler letras, mas também sem saber ler ícones.

Quando o acaso gera um boa surpresa

DRUM... Com este nome em inglês (Tambor, numa tradução para lá de livre) o filme da África do Sul consegue fazer o que todos os programados não conseguiram: impactar pela história real bem contada, bem filmada - com uma escuridão própria de quem quer metaforizar, se é que é preciso, o ambiente deteriorado que a Humanidade produziu e que ainda resiste de maneira menos intensa, mas tão brutal - e bem interpretada.
DRUM é uma revista dirigida por brancos em que homens negros talentosos escrevem matérias de entretenimento. Até que a esposa de um dos jornalistas resolve cutucar: - Esta não é a África do Sul que se vê pela janela. É o estopim da virada... da descoberta da verdadeira matéria jornalística, que também está perdida em algum verbete das enciclopédias. Das denúncias de escravidão, de maus tratos prisionais, de prisão sem razão, da desapropriação e expulsão de negros para a periferia. O filme mostra mais: a lei de imoralidade: quando negros namoram brancos. tudo é tão escandoloso e tão próximo. Sempre se pensa em barbárie para algo volumoso do ponto de vista de vítimas e de brutalidade, mas a barbárie está disseminada, próxima e ganhando volume. O filme retrata uma situação pré-prisão de Mandela.

Outra boa história que vi por incidente de uma sinopse (a da Folha, que fique bem claro) para lá de mal feita foi o filme romeno O resto é silêncio. Um filme contando a história da produção de um filme. O recurso metalingüístico é antigo, mas o contar está bem feito. O filme é bom e mostra que desde o início, além das dificuldade que David Linch critica ainda hoje com maestria em seu rico jogo metafórico em Cidade dos Sonhos, o cinema nasce em meio a tantas ciladas e tantos falsos mecenas.

O título do filme é uma referência a Hamlet e Willian Shakespeare. A última cena.


HAMLET: Morro, Horácio. O veneno me domina já quase todo o espírito. Não posso viver para saber o que nos chega da Inglaterra. Contudo, profetizo que há de ser escolhido Fortimbras. Meu voto moribundo é também dele. Dize-lhe isso e lhe conta mais ou menos quanto ora aconteceu... O resto é silêncio.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Um quê de tristeza

Pode ser impressão de gente que desconhece cinema, pode ser coincidência na pequena seleção de filmes, pode ser um sinal. Afinal, a arte sempre nos ofereceu sinais do mundo que ela antecipa ou pelo qual ainda está contaminada. Se fosse possível escolher, prefiro o diagnóstico da contaminação e não o da profecia. Os poucos filmes da 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo aos quais assisti são melancólicos, tristes. Como disse, são poucos. Três croatas e um austríaco. Todos com suas feridas, às vezes sublimadas, mas sempre lá.
A guerra civil que corroeu a ex-Iugoslávia dirigida pela fascista Sérvia e que transformou completamente a fisionomia do lugar após a separação de Croácia, Bósnia-Herzegovna, Eslovênia, Macedônia, e, finalmente, Montenegro e Sérvia, está lá subentendida, nas entrelinhas; numa frase, pequena, sentida, remoída.
Já não se trata de Terra de Ninguém, mas da angústia que ficou. Do stalinismo que precisava cair e do confronto estúpido entre os trabalhadores. No final de tudo, bósnios são os oprimidos preferenciais, e até mesmo nos filmes são tidos como estúpidos e ignorantes. Mas não é a leveza denunciante de Caminhão Cinza pintado de vermelho.

São os casos de Treseta, Encarando o Dia e Armin. Os bósnios são o trapo e os sérvios aqueles a quem se deve engraxar o sapato. Os croatas oscilam entre o centrismo da submissão aos últimos e o compartilhamento da opressão aos primeiros.

Aí vem o filmes austríaco... Nova metáfora que a burguesia utiliza bem... o nacionalismo vingativo e maniqueísta, explorador. O mesmo que há no Brasil contra bolivianos e paraguaios, há na Áustria contra ucranianos, russos e iugoslavos. Também podemos citar os estadunidenses humilhando os mexicanos em Nação Fast food. Os paralelos são perfeitos. É lógico que por mais que os diretores estadunidenses se esforcem, sempre escorregam... na superficialidade, o que não ocorre em Import, Export. Momentos tensos de preconceito, humilhação, tristeza, hipocrisia e pervesão. O retrato do mundo pelo menos parece real... ele está fétido. Mas sempre poderemos transformá-lo e arte ainda será um dos caminhos.















domingo, outubro 21, 2007

Ateus, uni-vos em nome da vida terrestre, a única que existe







Michel Onfray voltou. Pela mesma editora Martins Fontes. Voltou, como sempre, levantando polêmica. Agora, em torno de um debate que também sempre volta à tona: a religião como capacidade de salvar a Humanidade.
Logo no início, Onfray é categórico:
" Em nenhum lugar desprezei aquele que acreditava nos espírtios, na alma imortal, no sopro does deuses, na presença dos anjos, nos efeitos da prece, na eficácia do ritual, na legitimidade das encantações, no contato com os loas, nos milagres com hemoglobina, nas lágrimas da Virgem, na ressureição de um homem crucificado, nas virtudes dos cauris, nas forças xamânicas, no valor do sacrifício animal, no efeito transcedental do nitro egípcio, nas moinhas de preces. No chacal ontológico. Em nenhum lugar. Mas em toda parte constatei o quanto os homens fabulam para evitar olhar o real de frente. A criação de além-mundos não seria muito grave se seu preço não fosse alto: o esquecimento do real, portanto a condenável negligência do únicomundo que existe. Enquanto a crença indispõe com a imanência, portanto com o eu, o ateísmo reconcilia com a terra, outro nome da vida".
Uma boa leitura pode sossegar uma alma até o próximo confronto com a realidade.
Trecho de entrevista concedida ao repórter da Folha, Alcino Leite Neto:
"Folha - Com o projeto da Universidade Popular, o sr. não tem receio de ser chamado de populista?
Onfray - Não, pois popular é o contrário de populista. Ter preocupação com o povo nos dispensa de praticar a demagogia. Hoje, o povo —as pessoas modestas— fica em geral esquecido, e é a extrema direita que acaba se ocupando dele. Eu acho que a esquerda precisaria reencontrar o sentido do grande número. A chegada do [líder de extrema direita] Jean-Marie Le Pen ao segundo turno das eleições presidenciais na França é como o caso Dreyfus [processo judicial que marcou a França do séc. 19 por seu anti-semitismo]. É preciso deixar de ficar em seu canto, ralhando contra as pessoas que votaram em Le Pen e reprovando-as pela má escolha. Se temos vontade de esclarecer as pessoas, temos de ir à luta. Eu me sinto mais útil fazendo esse trabalho na Universidade Popular do que num liceu".

segunda-feira, outubro 08, 2007

Um dia, no verão está amarrado do começo ao fim


Não são os atores nem tampouco as atrizes. O caso é que a peça Um dia, no Verão não engrena nem por decreto. É provável que seja o texto... pré-existencialista numa era pós-tudo. Embora o indíviduo seja a base do existencialismo parece não haver espaço para este tipo de aprisionamento em que o personagem de Silvia Buarque e Renata Sorrah se revezam. É uma dor incompleta, que não se deixa extravasar, mas não sei se pelo texto. Pode ser a direção. Talvez mais habituada ao cinema, Monique Gardenberg não tenha se afinado com o palco.
Os aplausos existiram ao final do espetáculo porque a crítica destruiu todos a exceção de Sorrah. Vários artigos debocharam da atuação de Silvia Buarque e de Gabriel Braga Nunes. Mas, repito, não são eles. Então, os aplausos, principalmente para quem pode ver o olhar de Silvia, pareceram de alívio, de compreensão.
No palco, tudo é sempre mais difícil.

domingo, outubro 07, 2007

Aborto: descriminalizar já



Cartaz durante passeata do Dia Internacional de Descriminalização do Aborto, 28 de setembro.

Avenida Paulista. São Paulo, Brasil.

"Eu aborto, tu abortas, somos todas clandestinas". (entidade feminista)

Já passou da hora do aborto ser legalizado no Brasil. Inúmeros são os casos de abandono de crianças envoltos em muita perversidade, e, em geral, a sociedade criminaliza esses atos tomada pelo impacto do iminente assassinato, como na história da recém nascida, Michele, de Belo Horizonte, Minas Gerais (outubro/2007). Se essas mulheres tivessem acesso ao aborto em hospitais públicos nada disso aconteceria. Mas tudo está encoberto pelo falso moralismo da Igreja amparado pela ideologia da morte ao inocente que nem nasceu, mas já tem vida, e, portanto, direito. A mulher burguesa nem de longe se debate em aparentes dilemas. Vai a uma ótima clínica e realiza, sem constrangimentos ou riscos, um aborto de maneira correta e eficaz.
O aborto é uma necessidade pública para liberar a mulher trabalhadora de um fardo, de uma opressão que a sociedade patriarcal, machista, capitalista, e cristã lhe impõe desde muito tempo.
A sociedade debate argumentos desconexos, mas - amparada pela ideologia capitalista - não chega ao cerne do problema; crianças morrem mais cedo ou mais tarde porque muitas mulheres estão impedidas de exercer seu pleno direito sobre seu próprio corpo.
Países como Portugal, onde o peso da Igreja Católica é simplesmente mais que relevante, votaram pela liberação do aborto. Enquanto isso, a mídia, pedestal de louvor da ideologia capitalista, aqui no Brasil, diz que as famílias rejeitam cada vez mais o aborto. Será? E que papel cumpre o Estado? Lula vai se esquivar de levar adiante este debate? Médicos falso-moralistas atendem mulheres com hemorragia que, logo após terem alta, são submetidas a um tratamento criminal; são presas. Isto é um absurdo. As mulheres precisam ter garantido o direito sobre seus corpos.
Vale citar até mesmo um site gay português que, embora ainda jogue a decisão para os pais da criança, leva o debate de forma objetiva e sem leviandade. http://gay.blogs.sapo.pt/120373.html?replyto=422453
Entre os meios repressores, existem exceções como: Católicas pelo direito de decidir e outras, como a Agência de Informação Frei Tito para a América Latina - Adital - que menciona o número de mortes entre mulheres que não tiveram acesso ao aborto legal. Acesse:http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=13910)

segunda-feira, outubro 01, 2007

Exploração dos imigrantes é o fundamental de Nação fast food



Filme estadunidense é permeado de defesas contestáveis (como a do Greenpeace) e incorpora levemente o documentário The Corporation, mas não custa (quase) nada assisti-lo.





Por menos que se espere, é verdade que sempre se espera algo de um filme estadunidense que pretende denunciar o que quer que seja. Imagine adentrar a vastidão de possiblidades do mercado alimentício. Temas e subtemas vêm à tona. Nação fast food não vai entrar para a história por isso, mas talvez por aquilo que menos tenha querido introduzir como debate: o nível de exploração cada vez mais sórdido dos imigrantes mexicanos, aliás, em especial, das mulheres. Algo do que se viu em Pão e Rosa, de Ken Loach, explorando mais o submundo real que a consciência política dilacerada pela condição básica da existência: comer.


O sotaque espanhol está ficando cada vez mais audível no cinema estadunidense. Como dizem os mexicanos: "Não somos nós que invadimos as fronteiras, foram eles que a puxaram"; em relação a tomada de terras do México pelos Estados Unidos ainda na segunda metade do século XIX.

Greg Kinnear, o pai bonachão metido a escritor de 10 passos para o sucesso, de Pequena Miss Sunshine, não repete sua atuação, mas Paul Dano - que vive o adolescente que se recusa a falar com a família até ser aprovado como piloto de caças - consegue, com um papel mínimo, chamar a atenção.



segunda-feira, setembro 17, 2007

PARALISAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL DE SÃO PAULO




Profissionais da educação municipal de São Paulo em manifestação para barrar arrocho, sucateamento e privatização

No dia 14 de setembro, cerca de 8 mil profissionais da educação do município de São Paulo realizaram a maior manifestação da categoria em 2007.
A paralisação é contra o Projeto do governo Kassab (herdado de Marta e aperfeiçoado por Serra) que visa destruir o Plano de Carreira, arrochando os salários, privatizando cargos, e sucateando a educação (com inchaço de salas).
No dia 25 de setembro nova manifestação vai acontecer. É preciso que mais e mais profissionais estejam nas ruas contra a política nefasta que permeia as ações tanto de Kassab, quanto de Serra e que tem o devido aval do governo Lula, que já está dinamitando as universidades públicas com o PRÓUNI, desvio de verba pública mascarado de acesso ao ensino superior.
EM DEFESA DO ENSINO PÚBLICO (EM TODAS AS ESFERAS E NÍVEIS), LAICO E DE QUALIDADE.

domingo, setembro 16, 2007

Documentário sobre Milton Santos é uma apanhado de imagens do mundo global


Antipartidário? Milton Santos? Não, o documentário sobre Milton Santos. Milton Santos mesmo não queria esta responsabilidade. Não queria rótulos. Dizia que podia ser marxizante. Sabe-se lá o que venha a ser isto.Fica-se com a impressão de um homem medroso. Fala sobre um outro mundo. Não se houve a palavra revolução, nem socialismo nem comunismo. Que outro mundo vem a ser este? Transformado pelos 'atores de baixo'. Sai-se um pouco frustrada pelo Milton Santos que se vê. Mas a coletânea de imagens e depoimentos acaba sendo um deleite.
Não é um documentário no sentido estrito do termo. É uma compilação de imagens certas. É como Marcelo Masagão em Nós que aqui estamos por vós esperamos. É assim.

O pequeno italiano retrata painel russo pós restauração capitalista


Fazer dinheiro com adoção de crianças está longe de ser uma história inédita, infelizmente. No entanto, presume-se que a miséria esteja acompanhada deste elemento destruidor da humanidade; a venda de um ser humano em troca de uma família e muitos euros. Assim é o enredo de O Pequeno italiano, um filme russo, que para além de tratar do tema da prostuituição, do 'abandono', e da indústria da adoção, explicita todo o desarranjo por que passa a Rússia pós restauração capitalista.

Destruir o stalinismo foi uma das mais importantes tarefas da classe trabalhadora soviética, mas era preciso avançar a revolução política e extirpar a camarilha burocrática que vinha dilapidando o patrimônio público desde o final da década de 60.
O pequeno italiano é uma história que remete a este brutal empobrecimento e aviltamento das virtudes humanas. Ainda resta uma esperança, no filme, contida no personagem do asilo da onde saiu o menino perdido num retorno em busca da identidade e do paradeiro de sua mãe. Este senhor é capaz de resistir ao mercado humano.
O final sugere esperança, mas só para quem vai em busca da sua história, da sua vida.

domingo, setembro 09, 2007

Exposição sobre São Paulo desvenda a trajetória histórica de mestiçagem cultural



Para quem não conhece o Parque da Água Branca, no final daquele descomunal monumento ao mau gosto, também popularmente denominado de Minhocão, mas que atende pelo nome oficialmente grotesco de Elevado Costa e Silva, e quer encontrar um bom motivo para dar uma chegadinha até o local. Voilà. Este final de semana (15 e 16) é o último para conferir a XI edição do Revelando São Paulo.


São barracas com comida típica, artesanato de verdade, danças, jongo, congada e outras coisas que muita gente desconhece haver por estas bandas. Mas há. Além disso, o parque, que é pequeno, e por isso mesmo mantém seu charme é convidativo. Há também uma biblioteca onde se pode com tranqüilidade fazer a leitura do jornal.


O vídeo traz um pouco do trabalho dos artesãos da barraca de Embu das Artes, na Grande São Paulo.

sábado, setembro 08, 2007

Querô adaptado perde força


Infelizmente, o filme Querô se perde em sua adaptação. A aparente facilidade de deslocar o filme da década de 70 (século XX) para estes anos iniciais do século XXI faz com que tudo fique também deslocado. É certo que este fato não diminui a atuação de Maxwell Nascimento ou mesmo deixa com que seja menos notada. Mas é claro que o filme teria muito a ganhar se fosse caracterizado em meados de 70, época em que transcorre o romance de Plínio Marcos, baseado em uma reportagem de jornal. A ditadura militar está à espreita. A tortura funciona como o cárcere dos infratores. Poderia haver este tipo de condução. Mas tudo fica artificial, incluindo a cena do baile funk (com perdão ao funk de verdade) em Santos.
É uma adaptação, mas poderia ter ficado mais com o original. É bom vê-lo, mas é uma viagem com paisagem previsível.

sábado, setembro 01, 2007

São Paulo é tema de exposição na Galeria Olido


Para aqueles que moram em Sampa vale a pena conferir gratuitamente a exposição com fotos de B. J. Duarte sobre a São Paulo que alimentou o sonho de muito migrantes e imigrantes ainda na primeira metade do século XX, quando guardava o ar interiorano, embora já não mais pacato.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Santiago é um afago à arte cinematográfica

Documentário mostra pujança das pequenas e particulares histórias anônimas
Santiago é um daqueles filmes maravilhosos que você quer levar para casa para guardar cada frase. Cada reflexão de um ser humano que, parece, se empenhou em refletir sobre a vida que ele nunca teve...que nunca poderia ter. Não é utópico. É propriamente idílico.

A erudição passa por locais tão intrigantes... Um mordomo que toca piano e escreve 30 mil páginas sobre as mais diveras nobrezas que já habitaram a face da terra em todos os tempos e que, além disso tudo, é poliglota. Este senhor, à época com mais de 70 anos, divide conosco seus sonhos, seus contos, suas fadas... (materializadas em rainhas, condessas. Personagens reais envoltos em defesa lírica). E, como adverte o próprio diretor, tem suprimido seus demônios, por conta e obra do não-amadurecimento do mesmo diretor.

É verdade...é necessário reconhecer. Há mais burgueses talentosos depois de Cazuza... e talvez João Moreira Salles seja um deles. Não livra a cara da classe à qual pertence, mas pelo menos livra a cara da arte. Às vezes dilacerada pela Globo Filmes.

O documentário é como um texto em que se escreve, e sofre interrupção. Retorna-se menos ingênuo e mais áspero na crítica. Mas um texto não acusa envelhecimento, não acusa processo. Ninguém sabe se foi feito de uma tacada, escrito quase como catarse. O cinema, sim. É dilacerante.

terça-feira, agosto 14, 2007

Person vale mais que o ingresso


Há pouco alguém escreveu que os cineastas de estréias acertam, principalmente, quando não se atrevem a mudar nada na linguagem, e sim a apenas contar uma boa história. Este deve ser o caso de Marina Person no tributo que fez ao seu pai, Luís Sérgio Person. O cienasta de filmes tão difíceis de assistir pode ser conhecido através deste documentário que apesar de realizado pela filha consegue escapar do piegas, aliás, passar bem distante deste espaço.

domingo, agosto 05, 2007

Comédia do Poder credita corrupção ao capitalismo, negando seu aparente viés nacionalista



O filme tem boas cenas, mas parece que o público brasileiro não entende. Parece que não faz associações. Não ri das mesmas piadas que aqui provocam alarde. A burguesia é a mesma; em qualquer lugar é sempre malcheirosa. E increvelmente: nunca sabe nada sobre nada. Nem a burguesia nem seus gentis servos à la antigos ditos esquerditas ou apenas burocratas. Ou gente sem escrúpulo que nem precisa de disfarce. É assim no mundo do todo, há algum tempo. Por isso, A Comédia do Poder é um filme que vem a propósito para a atual conjuntura do Brasil. Há ótimas tiradas. Pena que o filme, apesar de se propor a ser um alegoria do escárnio, não abusa da face bruta do capital. Ninguém morre. O que faz tudo parecer menos corrompido em relação ao que realmente é.

domingo, julho 29, 2007

Merten pergunta: O que há com o cinema brasileiro?

Eu penso que uma parte dos filmes está fadada a ter público pequeno, como escreveram alguns. Mas é certo que assistindo à Cinema, Aspirinas e Urubus e O Céu de Suely, pensei: realmente não consigo entender a crítica. Variações sob o mesmo tema. Cinemazinho pueril. O Lobão, que eu não tenho apreço, mas que vive falando do jabá das rádios, deveria mencionar também o jabá dos filmes. Porque só trabalhando com esta premissa é possível compreender porquê há belíssimos comentários tão distantes da realidade inócuo de alguns filmes.Heitor Dhalia sim, vem fazendo cinema de qualidade. Assim foi com Nina e assim é com O Cheiro do ralo.Pequena Miss Sunshine, bem antes de virar cult movie, mostrou-se um destes filmes que têm potencial e vai se estendendo de maneira despojada sem precisar atrair multidões na primeira semana.Tem outro detalhe. Há tantos atores e atrizes maravilhosos no Brasil e de repente a gente só vê a cara de três ou quatro, que nem são assim tão bons e que, aliás, são tão repetitivos. Os diretores, assim como os cantores, poderiam ser mais ousados e trabalhar com gente boa e desconhecida ao invés de colocar as carinha globais, algumas com talento sim, mas outras: um cheiro de lençol vulgar no ar. Em busca da vida (foto), um filme chinês, é tão lento e ainda sim belo, porque - apesar de quase beirar um documentário - trabalha com sentimentos humanos qualificados pela interpretação dos atores e atrizes, e não caretas e clichês globais, no sentido mais amplo do termo.

Lula: o novo homem da armadura de ferro?


Ao contrário do discurso dos ditos petistas, progressistas, lulistas de plantão, a mídia não quer depor Lula. Lula é um homem conveniente, não o ideal, mas o conveniente para levar a cabo a cruzada contra os direitos dos trabalhadores, enganando e mascarando a vilania das reformas. Sucateia o público, enquanto diz que não quer privatizar. Arrebanta as universidades públicas enquanto desvia verba para os PROUNI´s "inclusivos". Amplia a idade mínima para aposentadoria e oficializa a precarização com suas emendas que implodem com direitos trabalhistas conquistando a duras penas.

Mas a megavaia do Pan, no estádio do Maracanã, e a vaia que vem tomando por todo o país, não escondem que Lula está começando a se desgastar com o povo que o elegeu. Se o mensalão não foi a gota d´água, como pensávamos, o crime do sucateamento do espaço aéreo, recheado de outras corrupções, parece que desencadeou o desgaste. Afinal, a comoção da tragédia do vôo da TAM, em São Paulo, é mais palpável pelo povo, assim como, a chacina no morro do Alemão, no Rio de Janeiro.

Se antes o trabalhador mais humilde tinha dificuldade em fazer a relação entre mensalão e desvio de verba para investimento público, agora ele vê o resultado concreto da ausência de políticas públicas e o resultado explícito tanto do sucateamento quanto da privatização. As companhias aéreas deveriam ser estatizadas. Mas também deveríamos restituir a antiga e velha malha ferroviária, agora potente, não poluente e viabilíssima em função da vastidão do país.
Por tudo isso, é que prontamente providenciaram uma pesquisa para medir a popularidade de Lula. Afinal, vem reforma pela frente...(confira matéria do Estadão)

Lula está desmoronando sim. A queda é lenta, mas é queda. E o tombo há de ser grave. Se as lutas vierem. Que venham as lutas!!!

''Pesquisa não revela ameaça à popularidade de Lula''
Rosa Costa, BRASÍLIA

O desgaste do governo federal com o apagão aéreo será tanto maior quanto mais tempo o setor ficar sem soluções concretas e a crise permanecer nas manchetes dos jornais. Mas a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa do tipo de público que usa transporte aéreo, tende a ser protegida.As avaliações são do diretor do Instituto Vox Populi João Francisco Meira, que, em entrevista ao Estado, revela que foi feita pesquisa em São Paulo, três dias após o acidente com o avião da TAM, no cenário da tragédia. "Os resultados não ameaçaram a popularidade do presidente na capital. Houve uma queda, mas não muito grande", afirma, sem dar mais detalhes. Meira não vê relação entre as vaias ao presidente e o apagão aéreo, apesar de assessores petistas terem entendido a reação como uma resposta ao caos nos aeroportos. Avalia que o colapso na aviação repercute menos contra Lula do que o quase apagão elétrico no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que atingiu toda a população. "Embora seja um meio de transporte usado pelas classes A,B e C, a aviação está longe de ser um transporte de massa."O senhor vê relação entre as vaias ao presidente Lula na abertura dos Jogos Pan-Americanos e no Nordeste e a crise do apagão aéreo? Aplaudir ou vaiar é do jogo. Vaia no Rio tem um sentido cultural, não tinha ainda nenhuma implicação maior. E nos Estados é um gesto de funcionários públicos em greve e de estudantes fazendo manifestações.Essas vaias vão ter reflexo na próxima avaliação da popularidade do presidente?Já ouvi vaias ao Juscelino, ao Jânio, ao Jango, já ouvi vaias para todos os presidentes. Só não tomou vaia quem nunca se expôs ao público, como os dirigentes da ditadura militar. Alguns foram até aplaudidos. Vaiar ou aplaudir é do jogo da política. O que não quer dizer que os níveis de popularidade do presidente são imóveis. Há amplos setores da opinião pública que, hoje, não estão contentes nem com o presidente nem com o governo. A que o senhor se refere quando fala em amplos setores? Além de relevantes estatisticamente, são pessoas que têm capacidade de expressar esse descontentamento, têm acesso aos meios de comunicação e, portanto, são capazes de sinalizar esse descontentamento de uma forma mais expressiva. Isso pode, com o tempo, se disseminar. Mas isso tudo é relativo porque também o governante e o governo reagem a isso tomando medidas aqui e ali em função dessas coisas. Há uma dinâmica aí que nem sempre é muito previsível. Não quero dizer que vai ficar assim, o que eu quero dizer é que vai demorar a mudar e não será por esses indicadores que hoje estão aí, que são insuficientes.O acidente com o Airbus da TAM, que expôs ainda mais a crise aérea, afetará a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva?Essa hipótese não está provada nem negada. Não existem ainda dados consistentes a respeito disso. A única evidência foi uma pesquisa feita na cidade de São Paulo três dias após o acidente, no cenário do acidente, com a população extremamente impactada com isso. Mesmo assim, os resultados não ameaçaram a popularidade do presidente na capital; houve uma queda, mas não muito grande. A questão do acidente em si provoca comoção, emoções, sentimentos fortes, mas não necessária e diretamente contra o governo.Se a crise continuar, com os aeroportos superlotados, a classe média sem condições de planejar viagens, isso pode reduzir a popularidade do presidente? Acho que a popularidade pessoal do presidente está ligada à capacidade percebida de resolução de problemas que começam com as desigualdades sociais, que passam pela questão da estabilidade econômica, do desenvolvimento e questões específicas como criminalidade, saúde, habitação, questões de infra-estrutura, inclusive a crise aérea. A avaliação que o eleitor faz é ampla e leva muitas coisas em consideração. Evidentemente que, se esses problemas da infra-estrutura e do sistema aéreo continuarem nas manchetes como algo que incomoda e sem solução à vista, isso cria o desgaste, não a ponto de desestabilizar o governo, mas é claro que cria o desgaste.O senhor nota alguma relação entre o apagão aéreo e a crise no sistema elétrico que abalou a popularidade do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso? São coisas muito diferentes, os públicos atingidos são completamente diferentes e os efeitos são muito diferentes também. Eu acho que nós temos aí duas questões: primeiro, não temos, ainda, dados suficientes para medir direito os efeitos da crise aérea. Nessas circunstâncias, sob forte comoção, não é recomendável você fazer pesquisas e tirar conclusões que possam ser duradouras. A crise do setor elétrico atingiu todos, praticamente 100% da população. Já no transporte aéreo, embora seja hoje um meio de transporte amplamente utilizado pelas classes A, B e C, está longe de ser um transporte de massa que atinja a população do País como um todo, inclusive do ponto de vista da dispersão. Está muito concentrado em um certo número de cidades. Então, atinge de forma direta uma parte muito menor da população.Há no País outro governante que tenha conseguido manter esse distanciamento entre a sua figura e o governo, em questão de avaliação pública? Do ponto de vista de pesquisa de opinião pública, dificilmente, porque nós não temos uma trajetória assim tão longa. Nos presidentes pós-democratização certamente as relações entre presidente e governo ficavam muito evidentes. Eu vejo uma diferença em relação ao presidente Fernando Henrique, que era uma coisa meio contrária, as pessoas não gostavam muito dele, mas gostavam do governo. Acabou acontecendo o inverso. A popularidade dele era menor do que o governo. Esse descolamento - um presidente bem e um governo mal - não me recordo em termos de pesquisas de alguma coisa parecida.Há com quem se comparar em outros países?Há um caso, talvez, parecido. Acho que o presidente Lula lembra um pouco a figura de Nelson Mandela (ex-presidente da África do Sul). Ele teve seus problemas, um governo complicado, e no entanto ele se manteve. Uma coisa interessante é que, tendo chance de disputar a reeleição, preferiu não fazê-lo. Então tem hoje uma autoridade moral e política na África que ultrapassa os limites de seu país.O senhor acredita que seria diferente se ele tivesse mais um governo? O fato de ele não ter disputado a reeleição foi uma questão política interna. Ele tinha controle e ascendência sobre seu partido, mas preferiu agir assim. Eu não diria que Lula errou ao se candidatar à reeleição, mas os problemas que isso gera são de quem está há muito tempo no poder. FRASES"Embora seja um meio de transporte usado pelas classes A, B e C, a aviação está longe de ser um transporte de massa" "Já ouvi vaias ao Juscelino, ao Jânio, ao Jango, já ouvi vaias para todos os presidentes. Só não tomou vaia quem nunca se expôs ao público, como os dirigentes da ditadura militar""A crise do setor elétrico atingiu todos"."A questão do acidente em si provoca comoção, emoções, mas não necessária e diretamente contra o governo"Quem é:João Francisco MeiraCientista político, diretor do Vox Populi. Foi analista e consultor em todas as campanhas presidenciais, desde 1989.Integra a diretoria da Abep, Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa.

domingo, julho 22, 2007

Medos... e Um lugar... são complementares



Não se pode perder uma oportunidade como essa: a de assistir a dois filmes bons e complementares. A crítica 'serena e sensata' talvez não apoie esta opinião, mas a verdade é que Medos privados em lugares públicos e Um lugar na platéia têm uma forte atração: a busca pelo prazer de viver, escondendo os bichos para debaixo do tapete, até que eles não possam mais ficar lá ... e então, venham à tona. Recalcados ou abertamente expressos.

segunda-feira, maio 14, 2007

Hércules 56, mais um retrato da ditadura


O filme tem o louvor de mostrar porque José Dirceu e Wladimir Palmeira são o que são: traidores, não; verdadeiros mercenários. Mas há boas surpresas de gente honesta, que sabe reconhecer a importância de uma luta, a guerrilha foquista, que, embora equivocada, tinha a vantagem de, como diz Flávio Tavares, fazer com que as pessoas dessem o melhor do que elas dispunham naquele momento: a própria vida.
Imagens do exílio também são outro ponto forte do filme.
O atual ministro Franklin Martins aparece demais, fala demais e mantém a já conhecida impressão que boa parte dos sobreviventes quer passar: a guerrilha agia por improviso. Parece que quanto mais infantil parecer a resistência melhor para "safar" aqueles que a desconsideram e a renegam.
O filme se detém ao seqüestro do embaixador norte-americano e vai bem nesta restrição. Mas a idéia do bar em que os amigos se encontram e só bebem água e tônica é um pouco fraca, pueril demais. Vale mais a coleta dos depoimentos individuais, mas cheios de emoção e de entrega.
De qualquer forma, vale a pena. Sempre valerá a pena desnudar a ditadura.

terça-feira, abril 24, 2007

Apenas uma frase...




"É impossível que sejamos um Império fora da Itália e uma República em casa. As duas formas de governo não são compatíveis e a República jamais poderia administrar o Império". Tiberius, o Imperador em: Tibério, as memória do Imperador, Allan Massin.

domingo, abril 22, 2007

Rosso come il cielo


Encantador como Cinema Paradiso, mágico como O Carteiro e o Poeta e libertador como Sociedade dos Poetas Mortos. Está feita a base de Vermelho como céu. Não deixem de assistir. É maravilhoso. Tudo. Tudo é maravilhoso. As boas e inocentes gargalhadas podem vir à tona durante este filme. Sem culpa. Sem nostalgia. Só cumplicidade com a liberdade que existe dentro de cada ser humano, antes de sermos abortados, empurrados para a liberdade, que, por ora, ainda não existe.
Penso que seja a confluência de boas interpretações, bom roteiro, talvez porque baseado em história real, talvez porque já saibamos ser real. É envolvente e simples como as coisas da vida são, antes de começarmos a minhocá-las.
O exílio de um garoto recém chegado ao mundo dos cegos - ou das pessoas com deficiência visual - é um caminho de tristeza e redenção, a busca pelo novo sentido, em meio as descobertas de qualquer garoto pré-adolescente. É um belo filme.


(Em tempo: A escola que na Itália revela-se preconceituosa, no Brasil é vista como inclusiva - para usar o termo da moda - e tem nome. Aqui em São Paulo, na cidade, tratam-se das EMEE´s: Escolas Municipais de Ensino Especial. Lá até 1975, as escolas não eram mistas e além disso contavam com uma divisão, que aqui ainda prossegue... Como se estuda na Itália? Todos sabem braile? Todos sabem a lingua dos sinais (aqui: Lingua Brasileira de Sinais, a Libras)? Como funciona? Há treinamento aos professores? Há estrutura? Tudo isso, para falar muito pouco, vem à tona quando se sai da sessão. Mas isto é para um outro debate).

Rosso come il cielo

Titolo originale: Rosso come il cielo
Nazione: Italia
Anno: 2005
Genere: Drammatico
Durata: 96'
Regia: Cristiano Bortone
Sito ufficiale:


Cast: Luca Capriotti, Simone Gullì, Andrea Gussoni, Alessandro Fiori, Michele Iorio, Francesco Campobasso, Paolo Sassanelli, Marco Cocci, Rosanna Gentile
Produzione: Orisa Produzioni
Distribuzione: Lady Film
Data di uscita: Roma 2006
09 Marzo 2007 (cinema)

Trama:
1970. Mirco Mencacci é un bambino appassionato di cinema. Un giorno giocando con un vecchio fucile, parte inavvertitamente un colpo che lo colpisce in pieno facendogli perdere la vista. All'epoca, ai bambini non vedenti non era permesso frequentare la scuola pubblica, così i genitori furono costretti a metterlo in un istituto specializzato, dove, grazie ad un vecchio registratore sviluppa la passione per il montaggio del suono che lo farà diventare uno dei più rinomati esperti del settore del cinema italiano.

sábado, abril 21, 2007

Pequena Miss Sunshine é um presente à dignidade


Antes de se tornar cult movie, assisti à Pequena Miss Sunshine. Foi numa terça-feira, dia 24 e outubro de 2006, quando ninguém havia anunciado nenhum prêmio para este filme que entre outras características esquisitas chamava mais a atenção pelo cartaz amarelão, fixado no entorno das salas de cinema, que pela despretensão em contar a história de uma menina que quer se inscrever num concurso de Miss.
De lá para cá, muita coisa aconteceu e o filme virou um azarão completo. Azarão porque ganhou inesperados prêmios, para o vô drogadito, pelo melhor roteiro e poderiam ser outros já que este OSCAR estava para lá de morno e mais sem graça que o habitual.
Mas Sunshine não se sobressai porque outros não existem, mas porque é exatamente um filme que vai amadurecer com o tempo e conquistar seus fãs pelo mundo. Com sua delicadeza crua, do adolescente irônico, e cheio de terror diante destes adultos tão insossos e medíocres até o encanto da pequena Abigail que ridiculariza o universo decadente da classe média com seu estilo chocante e ao mesmo tempo crítico por lembrar, talvez até mesmo, da sexualização da infância, cada vez mais grotesca.

Ken Loach continua escavando histórias de opressão


Ken Loach consegue surprender novamente ao resgatar história fresca na cabeça dos irlandeses, mas distante dos trópicos. O imperialismo inglês mostra uma de suas muitas faces de pervesidade. O enredo do filme está ambientado em 1920 quando milícias, em várias cidades da Irlanda, procuram conquistar de fato a Independência do país e livrar as ruas das práticas terroristas dos soldados ingleses. Mas nada de subestimar um inimigo do calibre do imperialismo inglês. Eis que a Monarquia decide 'ceder', mas continuar no controle. Resultado: as milícias racham. Este é o grande mote do filme e as contradições que existem dentro do movimento republicano, entre o que é o IRA e o que são os revolucionários. Depois de Terra e Liberdade é o hora de sorver outros sabores das muitas lutas travadas no século XX.

sábado, abril 14, 2007

O Cheiro do ralo conquista pelo sarcasmo


Imperdível.
Sei que muitos já foram assistir a O Cheiro do ralo de Heitor Dhalia, mas quem não foi ainda não pode ficar na dúvida. Trata-se de um filme realmente fora dos padrões estéticos do cinema brasileiro - e fora aqui no sentido bom da palavra -, e não apenas de falso underground. Humor sarcástico que ronda as ruas estreitas de nossas cidades com seus tipos esquisitos, cheios de poder, perversidade e loucura. Um sujeito que compra as emoções dos outros à medida que vai se distanciando das suas próprias. Um sujeito embrutecido, mas altamente complexo em sua busca por parecer normal. Um hedonista nazi-fascista. Um déspota esclarecido.
Um filme maravilhoso que tem a proeza de fazer rir do pior do ser humano, mas sem ser cético. Fazendo-nos mais normais - distantes de um fétido odor.

sexta-feira, março 30, 2007

Era uma vez nos campos do Senhor

Incrível... Cadê a Justiça que deixou a doméstica que roubou um pacote de manteiga seis meses presa na cadeia? Cadê a justiça comum dos pobres. Agora Henry Sobel foi mal entendido. Façam-me o favor...


Prisão do rabino choca comunidade judaica de São Paulo

Membros da comunidade acreditam que notícia pode manchar imagem da religião
Bruno Paes Manso e Rodrigo Brancatelli
SÃO PAULO - A divulgação da prisão do presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP), rabino Henry I. Sobel, chocou a comunidade judaica de São Paulo. O rabino foi detido na última sexta-feira, 23, em Palm Beach, nos Estados Unidos, acusado de ter furtado quatro gravatas de lojas de grife.
Há um consenso entre os membros da comunidade de que a notícia pode chegar ao ponto de manchar a imagem da religião no País. "Essa história está muito estranha, duvido que o rabino tenha feito uma coisa dessas", diz o também rabino Schmulosher Begun, que dá aulas sobre religião e história de Israel no Colégio Hebraico-Brasileiro Renascença, no bairro de Santa Cecília.
"A imagem do Sobel é importantíssima para a comunidade. Tanto que pessoas de má-fé podem usar essa informação para tentar rebaixar os judeus em São Paulo. É uma situação muito estranha para nós. Isso pode exacerbar preconceitos contra a comunidade judaica."
O momento é delicado para a comunidade e todas as pessoas ouvidas pelo Estado pediram para que o jornal esclarecesse que suas declarações foram feitas com base em informações divulgadas na imprensa americana. Eles se disseram chocados com a notícia e afirmaram que esperam a confirmação do próprio rabino Henry Sobel antes de acreditarem na veracidade da história.
Para piorar o mal-estar, o episódio ocorre às vésperas do Pessach, a Páscoa Judaica, que celebra a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. As comemorações do Pessach começam na segunda-feira, 02.
Claudia Costin, ex-secretária de Cultura do Estado de São Paulo, disse que o fato de alguém cometer um erro não deve apagar o restante de sua biografia. Claudia lembra um momento marcante na atuação política de Sobel na comunidade judaica brasileira, em fevereiro. O momento era desfavorável à comunidade judaica. O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, havia dado declarações de que o holocausto era uma ficção. Depois teve encontros com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ambos estreitaram as relações políticas.
Foi marcada a cerimônia religiosa do Dia da Recordação das Vítimas do Holocausto. Sobel articulou a vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o evento. Depois do ato, Lula fez declarações criticando os que haviam duvidado da história. "Ele sempre teve uma representação política ativa e positiva para a comunidade judaica brasileira. Acho que sua biografia não pode ser esquecida, mesmo que ele tenha errado".
O jornalista Norman Gall, diretor do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, disse que conhece Sobel faz 30 anos e que o considera um homem de grande sensibilidade e compaixão. Diz que todos estão sujeitos a momentos ruins e a fraquezas. Segundo Gall, caso o episódio se confirme, ele acredita que o rabino estava passando por um desses momentos complicados. "Todos passam por situações difíceis. Não imagino o que possa ter acontecido, precisamos ouvi-lo."
Amigos mais próximos do rabino, como o diretor-presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Cláudio Luiz Lottenberg, preferiram não emitir opiniões até ouvir a versão de Sobel. Outras seis pessoas ouvidas pela reportagem disseram que não iriam comentar até haver uma posição oficial da Congregação Israelita Paulista, comunicada na noite de quinta-feira, 29. "É uma situação muito delicada para falar qualquer coisa no calor dos acontecimentos", diz o rabino David Weitman.

sábado, fevereiro 24, 2007

Censura se apodera de blogger

Eu não estou entendendo... A censura já chegou por aqui

Emprego e obras públicas (sem PPP) contra a barbárie da violência

A classe média, assustada com a bárbarie, como todo mundo, insiste em se debruçar sobre o problema da violência com um único enfoque de reforçar a segurança. Cega em sua condição não compreende que lutar contra a violência é lutar pela dignidade e não pela ampliação da punição, que só vem para os psicopatas pobres. (Afinal, onde está Suzane Richtofen? Em um presídio particular, usando shampoo imported?) Agora, eis que lançaram um spot nas rádios de São Paulo, e penso que deva estar circulando em todas as capitais, com um chamado: Você não vai fazer nada? Acesse o site: www.euvoufazeralgo.com.br Lá estão as pérolas das "mil possibilidades" para regenerar a sociedade deste mal que atormenta a todos. Em nenhum momento se fala em emprego e obras públicas em todo o país. Ao contrário, querem acelerar as Parceria Público Privado (PPP). O governo entra com o dinheiro e o capital privado fica com o lucro. Outro ponto é o superávit primário que bateu recordes o ano passado e continua indo de vento em popa. A reserva de dólares já chega a 1 bilhão.
É preciso de emprego... Parar com esta política de bolsas e fazer com que os trabalhadores possam trabalhar. Ah! E enquanto isto os outros morrem de fome? Não, dêem comida diretamente, ao invés de subsidiar a miséria.
Aí vem o Estadão e publica matéria sobre faxineira que vira universitária (http://www.estado.com.br/editorias/2007/02/24/ger-1.93.7.20070224.16.1.xml.) É lógico que é um exemplo, mas não é a maioria. É a exceção. A mais pura exceção. Não é a regra da vida da classe trabalhadora, que está condenada a subempregos cujo salário é acachapante e a dignidade é uma palavra perdida num possível dicionário, e que está bem longe da universidade. Até porque os Pró-Uni são uma farsa. A distribuição de bolsa para as escolas privadas.

sábado, janeiro 20, 2007

Babel bem poderia se chamar: Imperialismo

Não estava muito encorajada a ver o filme, porque não aprecie muito Amores Perros e não assiti, por isso mesmo, 21 gramas, mas também pelo que havia se apresentado como crítica. No entanto, ainda bem que não me detive a ela, em especial ao que escreveu o senhor Luiz Zanin Oricchio, de O Estado de São Paulo, que parece viver num mundo apolítico feito só para críticos de cinema que não enxergam um palmo à frente de suas narinas.

Babel, o filme de Alejando González Añárritu, bem que poderia se chamar: Imperialismo. Isto porque traz toda a desgraceira promovida pelos Estados Unidos. E, ao contrário do que dizem os críticos, a história do Japão serve muito bem como metáfora da grandeza frágil do império norte-americano e suas metrópoles parceiras-submissas. Mas para que mencionar tais coisas se em cabeça de crítico tudo pára na estética cinematrográfica?


Mencionamos a propósito de inspirar outros a assistirem ao filme. No México, no Marracos e no Japão, Iñarritu consegue fazer com que os dramas vividos pelos personagens sejam incorporados ao "Sabe com quem está falando?", uma espécie de subimperailismo à brasileira. Mas o drama da mexicana (atriz Adriana Barraza, aliás, magnífica no papel), foi - ao menos na minha sessão - a personagem-situação que mais comoveu a pláteia. Apesar do episódio gerador do incidente com a norte-americana ser fruto de uma imbecilidade, a cena lembra muito bem os acidentes com o jovens dos Estados Unidos, movidos por semelhantes irresponsabilidades.


A comoção gerada pela situação da mexicana e a maneira como é tratada pelos ´soldados' de fronteira indignaram a platéia, ao contrário do tiro que acerta Cate Blanchet e da paranóia que toma conta dos turistas e é ampliada na divulgação da imprensa sobre os possíveis ataques terroristas. Aliás, esta crítica secundária é ótima e evidencia mais uma vez o caráter anti-imperialista do filme.
Vale a pena assitir e não pelo que diz a crítica extraterrestre que habita nosso país, uma serviçal confusa dos Estados Unidos pela boca de uma imprensa oficialista.


Até mesmo o fato de usar Brad Pitt e Cate Blanchet para os papéis de quase-protagonistas pode fazer com que o filme seja visto por mais pessoas e ganhe o status de comercial, levando a crítica mais para adiante, ate o povão que não assitiria à película caso não estivessem presentes Pritt e Blanchet. É certo que o caráter massivo também pode deturpar de vez a intenção do diretor, mas não mais do que o fazem os críticos de cinema no Brasil.