Clique Porta-curtas Petrobrás - Nestes links, o internauta tem acesso a filmes de curta-metragens - até 30 minutos - que tem relevância para o debate em sala e também extrassala de aula. Já na coluna à direita abaixo há uma seleção de vídeos que estão disponíveis no Youtube e também oferecem conteúdo compatível com o programa de História e de Sociologia, bem como, outras áreas afins.

O que é um documentário?

quarta-feira, outubro 31, 2007

Banguelos, analfabetos com bilhões lavados em estádios de futebol

A farsa da escolha alegre os miseráveis

Jesus não tem dentes no país dos banguelas. Jesus não tem dentes no país dos banguelas. A burguesia fede... enquanto houver burguesia não vai haver poesia. Polícia pára quem precisa... Não não vamos pagar nada é tudo free... tá na hora... é tudo free... vamô embora.


Bilhões lavados em estádios... e o povo comendo farelo sem precisar de dentes... e o povo vendo imagem sem precisa ler letras, mas também sem saber ler ícones.

Quando o acaso gera um boa surpresa

DRUM... Com este nome em inglês (Tambor, numa tradução para lá de livre) o filme da África do Sul consegue fazer o que todos os programados não conseguiram: impactar pela história real bem contada, bem filmada - com uma escuridão própria de quem quer metaforizar, se é que é preciso, o ambiente deteriorado que a Humanidade produziu e que ainda resiste de maneira menos intensa, mas tão brutal - e bem interpretada.
DRUM é uma revista dirigida por brancos em que homens negros talentosos escrevem matérias de entretenimento. Até que a esposa de um dos jornalistas resolve cutucar: - Esta não é a África do Sul que se vê pela janela. É o estopim da virada... da descoberta da verdadeira matéria jornalística, que também está perdida em algum verbete das enciclopédias. Das denúncias de escravidão, de maus tratos prisionais, de prisão sem razão, da desapropriação e expulsão de negros para a periferia. O filme mostra mais: a lei de imoralidade: quando negros namoram brancos. tudo é tão escandoloso e tão próximo. Sempre se pensa em barbárie para algo volumoso do ponto de vista de vítimas e de brutalidade, mas a barbárie está disseminada, próxima e ganhando volume. O filme retrata uma situação pré-prisão de Mandela.

Outra boa história que vi por incidente de uma sinopse (a da Folha, que fique bem claro) para lá de mal feita foi o filme romeno O resto é silêncio. Um filme contando a história da produção de um filme. O recurso metalingüístico é antigo, mas o contar está bem feito. O filme é bom e mostra que desde o início, além das dificuldade que David Linch critica ainda hoje com maestria em seu rico jogo metafórico em Cidade dos Sonhos, o cinema nasce em meio a tantas ciladas e tantos falsos mecenas.

O título do filme é uma referência a Hamlet e Willian Shakespeare. A última cena.


HAMLET: Morro, Horácio. O veneno me domina já quase todo o espírito. Não posso viver para saber o que nos chega da Inglaterra. Contudo, profetizo que há de ser escolhido Fortimbras. Meu voto moribundo é também dele. Dize-lhe isso e lhe conta mais ou menos quanto ora aconteceu... O resto é silêncio.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Um quê de tristeza

Pode ser impressão de gente que desconhece cinema, pode ser coincidência na pequena seleção de filmes, pode ser um sinal. Afinal, a arte sempre nos ofereceu sinais do mundo que ela antecipa ou pelo qual ainda está contaminada. Se fosse possível escolher, prefiro o diagnóstico da contaminação e não o da profecia. Os poucos filmes da 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo aos quais assisti são melancólicos, tristes. Como disse, são poucos. Três croatas e um austríaco. Todos com suas feridas, às vezes sublimadas, mas sempre lá.
A guerra civil que corroeu a ex-Iugoslávia dirigida pela fascista Sérvia e que transformou completamente a fisionomia do lugar após a separação de Croácia, Bósnia-Herzegovna, Eslovênia, Macedônia, e, finalmente, Montenegro e Sérvia, está lá subentendida, nas entrelinhas; numa frase, pequena, sentida, remoída.
Já não se trata de Terra de Ninguém, mas da angústia que ficou. Do stalinismo que precisava cair e do confronto estúpido entre os trabalhadores. No final de tudo, bósnios são os oprimidos preferenciais, e até mesmo nos filmes são tidos como estúpidos e ignorantes. Mas não é a leveza denunciante de Caminhão Cinza pintado de vermelho.

São os casos de Treseta, Encarando o Dia e Armin. Os bósnios são o trapo e os sérvios aqueles a quem se deve engraxar o sapato. Os croatas oscilam entre o centrismo da submissão aos últimos e o compartilhamento da opressão aos primeiros.

Aí vem o filmes austríaco... Nova metáfora que a burguesia utiliza bem... o nacionalismo vingativo e maniqueísta, explorador. O mesmo que há no Brasil contra bolivianos e paraguaios, há na Áustria contra ucranianos, russos e iugoslavos. Também podemos citar os estadunidenses humilhando os mexicanos em Nação Fast food. Os paralelos são perfeitos. É lógico que por mais que os diretores estadunidenses se esforcem, sempre escorregam... na superficialidade, o que não ocorre em Import, Export. Momentos tensos de preconceito, humilhação, tristeza, hipocrisia e pervesão. O retrato do mundo pelo menos parece real... ele está fétido. Mas sempre poderemos transformá-lo e arte ainda será um dos caminhos.















domingo, outubro 21, 2007

Ateus, uni-vos em nome da vida terrestre, a única que existe







Michel Onfray voltou. Pela mesma editora Martins Fontes. Voltou, como sempre, levantando polêmica. Agora, em torno de um debate que também sempre volta à tona: a religião como capacidade de salvar a Humanidade.
Logo no início, Onfray é categórico:
" Em nenhum lugar desprezei aquele que acreditava nos espírtios, na alma imortal, no sopro does deuses, na presença dos anjos, nos efeitos da prece, na eficácia do ritual, na legitimidade das encantações, no contato com os loas, nos milagres com hemoglobina, nas lágrimas da Virgem, na ressureição de um homem crucificado, nas virtudes dos cauris, nas forças xamânicas, no valor do sacrifício animal, no efeito transcedental do nitro egípcio, nas moinhas de preces. No chacal ontológico. Em nenhum lugar. Mas em toda parte constatei o quanto os homens fabulam para evitar olhar o real de frente. A criação de além-mundos não seria muito grave se seu preço não fosse alto: o esquecimento do real, portanto a condenável negligência do únicomundo que existe. Enquanto a crença indispõe com a imanência, portanto com o eu, o ateísmo reconcilia com a terra, outro nome da vida".
Uma boa leitura pode sossegar uma alma até o próximo confronto com a realidade.
Trecho de entrevista concedida ao repórter da Folha, Alcino Leite Neto:
"Folha - Com o projeto da Universidade Popular, o sr. não tem receio de ser chamado de populista?
Onfray - Não, pois popular é o contrário de populista. Ter preocupação com o povo nos dispensa de praticar a demagogia. Hoje, o povo —as pessoas modestas— fica em geral esquecido, e é a extrema direita que acaba se ocupando dele. Eu acho que a esquerda precisaria reencontrar o sentido do grande número. A chegada do [líder de extrema direita] Jean-Marie Le Pen ao segundo turno das eleições presidenciais na França é como o caso Dreyfus [processo judicial que marcou a França do séc. 19 por seu anti-semitismo]. É preciso deixar de ficar em seu canto, ralhando contra as pessoas que votaram em Le Pen e reprovando-as pela má escolha. Se temos vontade de esclarecer as pessoas, temos de ir à luta. Eu me sinto mais útil fazendo esse trabalho na Universidade Popular do que num liceu".

segunda-feira, outubro 08, 2007

Um dia, no verão está amarrado do começo ao fim


Não são os atores nem tampouco as atrizes. O caso é que a peça Um dia, no Verão não engrena nem por decreto. É provável que seja o texto... pré-existencialista numa era pós-tudo. Embora o indíviduo seja a base do existencialismo parece não haver espaço para este tipo de aprisionamento em que o personagem de Silvia Buarque e Renata Sorrah se revezam. É uma dor incompleta, que não se deixa extravasar, mas não sei se pelo texto. Pode ser a direção. Talvez mais habituada ao cinema, Monique Gardenberg não tenha se afinado com o palco.
Os aplausos existiram ao final do espetáculo porque a crítica destruiu todos a exceção de Sorrah. Vários artigos debocharam da atuação de Silvia Buarque e de Gabriel Braga Nunes. Mas, repito, não são eles. Então, os aplausos, principalmente para quem pode ver o olhar de Silvia, pareceram de alívio, de compreensão.
No palco, tudo é sempre mais difícil.

domingo, outubro 07, 2007

Aborto: descriminalizar já



Cartaz durante passeata do Dia Internacional de Descriminalização do Aborto, 28 de setembro.

Avenida Paulista. São Paulo, Brasil.

"Eu aborto, tu abortas, somos todas clandestinas". (entidade feminista)

Já passou da hora do aborto ser legalizado no Brasil. Inúmeros são os casos de abandono de crianças envoltos em muita perversidade, e, em geral, a sociedade criminaliza esses atos tomada pelo impacto do iminente assassinato, como na história da recém nascida, Michele, de Belo Horizonte, Minas Gerais (outubro/2007). Se essas mulheres tivessem acesso ao aborto em hospitais públicos nada disso aconteceria. Mas tudo está encoberto pelo falso moralismo da Igreja amparado pela ideologia da morte ao inocente que nem nasceu, mas já tem vida, e, portanto, direito. A mulher burguesa nem de longe se debate em aparentes dilemas. Vai a uma ótima clínica e realiza, sem constrangimentos ou riscos, um aborto de maneira correta e eficaz.
O aborto é uma necessidade pública para liberar a mulher trabalhadora de um fardo, de uma opressão que a sociedade patriarcal, machista, capitalista, e cristã lhe impõe desde muito tempo.
A sociedade debate argumentos desconexos, mas - amparada pela ideologia capitalista - não chega ao cerne do problema; crianças morrem mais cedo ou mais tarde porque muitas mulheres estão impedidas de exercer seu pleno direito sobre seu próprio corpo.
Países como Portugal, onde o peso da Igreja Católica é simplesmente mais que relevante, votaram pela liberação do aborto. Enquanto isso, a mídia, pedestal de louvor da ideologia capitalista, aqui no Brasil, diz que as famílias rejeitam cada vez mais o aborto. Será? E que papel cumpre o Estado? Lula vai se esquivar de levar adiante este debate? Médicos falso-moralistas atendem mulheres com hemorragia que, logo após terem alta, são submetidas a um tratamento criminal; são presas. Isto é um absurdo. As mulheres precisam ter garantido o direito sobre seus corpos.
Vale citar até mesmo um site gay português que, embora ainda jogue a decisão para os pais da criança, leva o debate de forma objetiva e sem leviandade. http://gay.blogs.sapo.pt/120373.html?replyto=422453
Entre os meios repressores, existem exceções como: Católicas pelo direito de decidir e outras, como a Agência de Informação Frei Tito para a América Latina - Adital - que menciona o número de mortes entre mulheres que não tiveram acesso ao aborto legal. Acesse:http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=13910)

segunda-feira, outubro 01, 2007

Exploração dos imigrantes é o fundamental de Nação fast food



Filme estadunidense é permeado de defesas contestáveis (como a do Greenpeace) e incorpora levemente o documentário The Corporation, mas não custa (quase) nada assisti-lo.





Por menos que se espere, é verdade que sempre se espera algo de um filme estadunidense que pretende denunciar o que quer que seja. Imagine adentrar a vastidão de possiblidades do mercado alimentício. Temas e subtemas vêm à tona. Nação fast food não vai entrar para a história por isso, mas talvez por aquilo que menos tenha querido introduzir como debate: o nível de exploração cada vez mais sórdido dos imigrantes mexicanos, aliás, em especial, das mulheres. Algo do que se viu em Pão e Rosa, de Ken Loach, explorando mais o submundo real que a consciência política dilacerada pela condição básica da existência: comer.


O sotaque espanhol está ficando cada vez mais audível no cinema estadunidense. Como dizem os mexicanos: "Não somos nós que invadimos as fronteiras, foram eles que a puxaram"; em relação a tomada de terras do México pelos Estados Unidos ainda na segunda metade do século XIX.

Greg Kinnear, o pai bonachão metido a escritor de 10 passos para o sucesso, de Pequena Miss Sunshine, não repete sua atuação, mas Paul Dano - que vive o adolescente que se recusa a falar com a família até ser aprovado como piloto de caças - consegue, com um papel mínimo, chamar a atenção.